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O tempo das plantas.

Sobre como o tempo passa diferente para quem está de olhos fechados.

*Texto publicado originalmente na revista Well


De olhos fechados, sentado no chão de pernas cruzadas, o tempo passa diferente, muito mais devagar. Deixa de ser um rio que corre em direção ao futuro e se torna quase um mar, com mil ondas de pensamentos e sensações do mundo à nossa volta. Quem medita experimenta o que eu gosto de chamar de “o tempo das plantas”.


Afinal, tempo tem a ver com movimento, para quem está parado, a coisa toda toma um significado diferente. Imagino como uma árvore experimentaria o tempo, se pudesse, é claro. Onde não há trânsito algum além de para cima e para baixo. Germinar, espalhar suas raízes, irradiar, crescer e florescer. Um tipo diferente de conquista do mundo, menos medroso do que o dos mamíferos. As plantas apenas avançam sem nunca realmente saírem do lugar, conquistam o mundo sem pressa, medo ou ansiedade. Apenas expandem cheias de curiosidade.


Gostei muito de uma frase de um monge beneditino, que li esses dias:

“A quietude (na meditação) não tem nada a ver com a contenção, o bloqueio ou a repressão do movimento ou da ação. É a realização de todo movimento e ação.”

Amo essa ideia, afinal é justamente isso que buscamos: a realização. E nadamos com todas as forças nesse rio do tempo, muitas vezes contra a corrente, tentando chegar lá, no dia em que teremos realizado tudo, conquistado tudo, reconhecido nosso valor. Nesse quesito, as plantas dão aula, não se esforçam muito, apenas estão por aí, cheias de graça e frutos.


Meu convite para você é justamente esse, deixe a pressa de lado um pouco, se sente, feche os olhos e apenas esteja no presente. Talvez seja tempo de dar fruto, talvez seja tempo de deixar as folhas caírem, não importa, para tudo há um ciclo natural e bem-vindo. No fim, não poderemos dizer que fomos muito longe, mas com certeza talvez possamos dizer que valeu a pena cada momento.


Que tal fazer uma prática de meditação agora mesmo?


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